Aos 76 anos, dos quais 60 vividos na ex-colônia Tavares Macedo, para pessoas com hanseníase, em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, 'seu' Alvinho Gonçalves, mais conhecido como Jacozinho, faz um desabafo sobre o hospital da região:
Especializado no atendimento da hanseníase – também conhecida como lepra -, o Hospital Tavares Macedo foi, por muito tempo, colônia de internação de pessoas com a doença. De lá, ninguém podia sair, pois, até 1986, uma lei estabelecia que pacientes com hanseníase deveriam ser internados – mesmo compulsoriamente – e isolados.
Atualmente, o Tavares Macedo funciona como hospital geral, atendendo à população que vive na ex-colônia e também pessoas de comunidades vizinhas, na região de Itaboraí.
A situação é mais complicada para quem mora na ex-colônia e quem convive com as consequências da doença. Seu Jacozinho já faz um estoque de gazes e esparadrapos comprados para os curativos com o dinheiro da aposentadoria.
Outros moradores se valem das doações da Caixa Beneficente da comunidade, como destaca a gestora da organização, Sonia Regina.
Nas prateleiras da farmácia do hospital, há apenas frascos de soro. Quem tenta buscar remédios ou outros insumos, como fraldas geriátricas, óleo mineral, remédio para diabetes ou medicamentos dermatológicos para as feridas da hanseníase, volta com as mãos vazias, como aponta Neidmar Costa, de 60 anos, moradora da ex-colônia.
O atendimento também está prejudicado. Com contratos vencidos, terceirizados trabalham voluntariamente em regime de escala, para não prejudicar ainda mais idosos e pacientes que estão em enfermarias, como destaca a professora Niceia Gomes, que mora em uma comunidade próxima ao hospital e vai lá se consultar.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que não há desassistência no Tavares Macedo e que o hospital está “reunindo todos os esforços possíveis para garantir a assistência aos pacientes”.
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